Casa Business Chefe de cibersegurança da Europa diz que ataques disruptivos dobraram em 2024, vê Rússia por trás de muitos

Chefe de cibersegurança da Europa diz que ataques disruptivos dobraram em 2024, vê Rússia por trás de muitos

ATENAS, Grécia (AP) — Ataques digitais disruptivos, muitos ligados a grupos apoiados pela Rússia, dobraram na União Europeia nos últimos meses e também estão mirando em serviços relacionados a eleições, de acordo com o principal oficial de cibersegurança da UE.

Juhan Lepassaar, chefe da Agência da União Europeia para a Cibersegurança, ou ENISA, disse à Associated Press em uma entrevista que ataques com motivações geopolíticas têm aumentado constantemente desde a invasão em larga escala da Rússia na Ucrânia em 24 de fevereiro de 2022.

“O número de ataques hacktivistas contra a infraestrutura europeia - atores ameaçadores cujo objetivo principal é causar interrupção - dobrou do quarto trimestre de 2023 para o primeiro trimestre de 2024”, disse Lepassaar na terça-feira, tarde, na sede da agência em Atenas.

“É um aumento bastante significativo”, afirmou.

Os cidadãos dos 27 estados membros da UE votarão de 6 a 9 de junho para os legisladores do Parlamento Europeu em uma eleição que também moldará o ramo executivo da UE, a Comissão Europeia. Na quarta-feira, autoridades belgas disseram que a polícia realizou buscas na residência de um funcionário do Parlamento Europeu e em seu escritório no prédio do Parlamento em Bruxelas por suspeita de interferência russa. Eleições, também devidas nos Estados Unidos, Reino Unido e vários outros países, alertaram as agências de segurança para a ameaça de campanhas de interrupção financiadas por adversários.

A ENISA liderou exercícios e consultas intensas para fortalecer a resiliência de agências relacionadas a eleições na UE nos últimos sete meses. Em um relatório anual de 2023, a agência notou um aumento nos ataques de ransomware e incidentes direcionados a instituições públicas.

Lepassaar disse que os métodos de ataque - embora nem sempre bem-sucedidos - frequentemente eram testados na Ucrânia antes de serem expandidos para os países da UE.

“Isso faz parte da guerra de agressão russa, que eles lutam fisicamente na Ucrânia, mas também digitalmente em toda a Europa”, afirmou.

Os especialistas alertam que ferramentas de inteligência artificial também estão sendo usadas para mirar eleitores ocidentais com velocidade e escala aceleradas, com informações enganosas ou falsas, incluindo vídeos e áudios hiper-realistas conhecidos como deepfakes.

“Foi enfatizado, também pelas agências de cibersegurança dos estados membros, que a desinformação e a manipulação da informação habilitadas pela IA representam uma grande ameaça”, disse Lepassaar.

Seus comentários ecoam um aviso feito neste mês pela Diretora de Inteligência Nacional dos EUA, Avril Haines, de que o progresso tecnológico tornará mais nações e grupos capazes de lançar campanhas eficazes de desinformação.

Peritos dos EUA e da Europa estão ajudando as agências de segurança a tentar antecipar ameaças digitais emergentes e vulnerabilidades ao longo desta década, com a ENISA identificando a produção de alimentos, a gestão de satélites e os veículos autônomos como áreas que requerem atenção.

A cibersegurança, argumenta Lepassaar, inevitavelmente precisará se tornar algo natural para designers e consumidores.

“Eu acredito que temos um desafio societário pela frente para entender a segurança digital da mesma forma que entendemos a segurança no ambiente de tráfego diário”, afirmou.

“Quando estamos dirigindo, estamos cientes do que está acontecendo ao nosso redor. Estamos alertas”, disse. “Os mesmos tipos de comportamentos e hábitos são o que também precisamos instilar ao operar em qualquer tipo de ambiente digital.”

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